Arma de rico? Tragédias recentes pedem um trabalho de conscientização da Porsche
Nos últimos sete meses, foram registrados no Brasil cinco acidentes com morte envolvendo algum tipo de modelo da marca Porsche. Em todos eles, o motorista estava muito acima da velocidade permitida. Em todos eles, o motorista matou o amor de alguém, por utilizar o veículo como uma arma letal.
Depoimentos chorosos. Ninguém quer matar sem motivo. Acredito até que nenhum ser humano deseja carregar esse peso pelo resto da vida, mas o peso muito maior, sem dúvida alguma, fica com os familiares de quem partiu sem poder dizer adeus. E quem guiava os carros assumiu o risco de matar, afinal, as leis de trânsito foram criadas para isso.
Milhares de acidentes ocorrem diariamente no país. Só no ano passado, quase três mil pessoas perderam a vida através desse tipo de tragédia. Carros de todos os tipos, obviamente, mas o caso Porsche chama a atenção pelas semelhanças: jovens inconsequentes, dirigindo um carrão.
Na semana passada, a montadora soltou um comunicado lamentando os ocorridos, esperando que os desastres criem a oportunidade de “conduta mais segura e responsável” no trânsito. Mas isso basta? Não seria a oportunidade de criar uma grande campanha de comunicação sobre conscientização, fazendo com que aqueles que podem ter um automóvel de luxo entendam que, apesar de ser uma potência em velocidade, o veículo tem que ser utilizado com moderação?
Além de ser um grande benefício para a sociedade, a visibilidade positiva sempre é um reforço, mesmo para empresas tão tradicionais, afinal, o público busca hoje a empatia. Pesquisa da Ipsos aponta que duas a cada cinco pessoas citam a pobreza e desigualdade como a principal problema do Brasil. Pensando assim, a Porsche conscientizar seus privilegiados clientes traria o respeito de diversas comunidades, incluindo é claro o seu cliente alvo.
Independente de tudo, é uma questão de responsabilidade social. A comunicação existe para isso: vende ideias, causas, produtos, serviços e, acima de tudo, conhecimento. Tomara que a Porsche não espere uma nova morte para pensar nisso.
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