Meu trabalho na Editora Três foi algo marcante em minha vida. Com apenas 20 anos eu era assistente de fotografia da Revista Isto É. Uma grande honra para uma estudante de jornalismo, cheia de ideias e ideais.
Me lembro das madrugadas de plantão. A agitação na redação em dia de fechamento. A escolha fundamental das fotos, tanto no momento de pauta o fotógrafo, quanto na escolha entre milhares de impressas no arquivo gigante que eles tinham.
Muitas vezes, na madrugada, descia para a gráfica para pegar algum tipo de bebida no freezer – era assistente, mas era a estagiária! – para o editor-chefe, que comandava a agitação para que a revista fosse impressa a tempo de seus milhares de assinantes receberem no sábado de manhã, como de costume. Lembro-me do barulho das máquinas funcionando. Do cheiro do local. Das muitas pessoas que ali trabalhavam… tudo, naquele prédio na Lapa de Baixo.
Mais de 30 anos depois, a editora anuncia o fim do impresso. Claro que já era bem reduzido, mas ainda existia. Mas, a edição 2.864, do dia 15 marcou o fim dessa era. Os jornaleiros foram avisados através de um comunicado simples, onde consta: “Entendemos que essa situação pode gerar instabilidade para quem tem clientes fixos e boas vendas. Infelizmente, produtos como jornais e revistas tornam-se cada vez mais escassos no cenário atual”.
Triste realidade para quem é sinestésico como eu. Gosta de tocar, folhear e até começar a leitura pela última página. Agora terei que me contentar com os cliques do mouse, que não vêm acompanhados dos outros sentidos, incluindo o cheiro de revista nova. Um momento de adeus para quem viveu tudo muito de perto, nos tempos áureos das grandes mídias impressas.
Isso tudo me faz pensar na velocidade com que tudo se resolve com um simples clique. Achar notícias está fácil. Não temos mais que esperar “a próxima edição”. Difícil é lidar com a grande quantidade de informações jogadas na internet, que lutam o tempo todo entre verdades e mentiras. No impresso, a procedência era certa. Hoje, cuidado é o mínimo que se espera de quem busca notícia.
Então, mais do que nunca é necessário fazer-se uma fonte segura. Tornar-se referência positiva em seu setor de atuação. Ser um ponto de luz entre as sombras. Hoje entendo, cada vez mais, o porquê de ter me tornado assessora de imprensa. Lá atrás, há mais de 30 anos, eu não sabia que meu trabalho de jornalismo sério poderia ser uma das fontes mais importantes da Isto É.
As lembranças daqueles tempos vêm cheias de certeza sobre a importância da minha profissão. E uma de minhas tarefas atuais é que empresários dos mais diversos portes devem ter uma assessoria de imprensa assinando temas crucias, onde eles sejam citados como especialistas, auxiliando a busca de quem procura por seus produtos e serviços.
O fim dos impressos não implica só em bancas vendendo brinquedos, cigarros e cartas de animes. Significa que a realidade da imprensa hoje é outra. E quem busca credibilidade não pode apostar somente nas mídias sociais. Tem que surgir forte em sites de confiança, que reforcem sua marca como sendo uma das mais respeitadas no mercado.
Isso ajuda a vender. Isso ajuda a vencer. Pense nisso.

Como as grandes marcas usam assessoria de imprensa para destacar lançamentos nostálgicos?
Quem nunca comemorou ter tirado um palito premiado nos picolés da Kibon? Nos anos 90, nem que fosse apenas para ganhar outro picolé, as pessoas